domingo, 5 de abril de 2009

Domingo de Ramos

Tradição: Habitantes das aldeias do distrito da Guarda
não comem verduras nem vão à horta no Domingo de Ramos

Em muitas aldeias do distrito da Guarda ainda é cumprida a tradição quaresmal de Domingo de Ramos, que afasta verduras e saladas das refeições e impede idas à horta. De acordo com o Cónego Penitenciário da Diocese da Guarda, Eugénio Cunha Sério, no Domingo de Ramos «não se comem verduras nem se apanham e as pessoas não vão à horta». O costume antigo ainda é seguido por muitos católicos, explica o sacerdote «pela razão de que o Senhor [Jesus Cristo] se escondeu detrás dos arbustos, no Horto das Oliveiras». «É um costume ainda praticado nas aldeias da região», assegurou, referindo que nesse dia «as sopas são sem verduras, comem-se canjas, sopas de grão e outros pratos sem saladas».

No distrito são também cumpridas as tradições quaresmais dos cânticos da Encomendação das Almas (cânticos entoados durante a noite) e dos Martírios. Sobre os Martírios, Eugénio Cunha Sério recordou que durante os trabalhos rurais canta-se a narrativa, às vezes dramatizada, da Paixão do Senhor. «Lá em cima no altar-mor/está um craveiro na cruz/as folhinhas que ele deita/são o sangue de Jesus. Sinto chorar no Calvário/Madanela [Madalena] quem será?/crucificam Jesus/são ais que a Senhora dá», são os versos entoados nesta quadra do ano, segundo o sacerdote.

O Enterro do Senhor, a Procissão dos Passos e as Alvíssaras, são outras das tradições quaresmais que ainda permanecem na região. Por exemplo, nas localidades de Escalhão (Figueira de Castelo Rodrigo) e Almeida, «uma só cerimónia, que demora quatro horas, junta os Passos e o Enterro do Senhor» diz o cónego Penitenciário da Diocese da Guarda, para quem estas manifestações de religiosidade popular «revelam que as pessoas continuam a ter muita fé».

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