Na segunda-feira à tarde ainda havia sinais da enxurrada provocada pela forte trovoada, acompanhada de granizo, que se abateu sábado à noite sobre a aldeia da Reigada, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. As águas transbordaram o ribeiro que atravessa a aldeia, atingindo nos pontos mais baixos cerca de um metro acima do solo, o que provocou o corte ao trânsito da Estrada Nacional 392, que liga Almeida a Figueira, e inundando casas. Segundo fonte da Protecção Civil da Guarda, que se deslocou para o local uma hora depois da surpreendente ocorrência, a corrente de água atingiu tal velocidade que para além de inundar o rés do chão de grande parte das habitações nalguns casos arrastou consigo diversos haveres das garagens, como potes de azeite, tendo mesmo ameaçado levar um reboque automóvel.
Perante o cenário, que obrigou os habitantes a refugiarem-se nos andares cimeiros das habitações, houve quem temesse o pior e pedisse barcos aos bombeiros e Protecção Civil da Guarda para evacuar as pessoas. O que causaria, inclusive, algum susto a estes responsáveis pelo teor do alarmismo. Mas tal intervenção não seria necessária porque nunca houve pessoas em perigo e a rapidez que fez subir as águas foi a mesma que as fez descer. Tratou-se de uma espécie de 'tromba de água' ou 'gota de água', no dizer dos espanhóis, um fenómeno provocado pelas diferenças térmicas entre as massas de ar frio e aquecimento local.
As inundações, que causaram também elevados prejuízos na agricultura, arrasando campos e culturas nomeadamente olivais e vinhas. Os bombeiros de Figueira de Castelo Rodrigo continuavam na segunda-feira com a limpeza das lamas nas ruas (como se vê na foto) enquanto os populares deitam contas à vida já que, nalguns casos, os prejuízos materiais foram elevados. [Terras da Beira 20/08/98]